sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Arquivos mentais

"... aquele lugar era mais quente, estava grata por isso. Depois de caminhar pelo frio, inconsciente dos meus passos, um lugar aquecido era tudo que meu corpo clamava. Eu não sabia bem o porquê eu havia caminhado tanto aquela noite, tremendo de frio a cada passo, mas eu sabia que eu precisava muito daquilo e não podia refrear meu instintos, eles sempre me dominaram.
A solidão sempre fora o melhor remédio para organizar meus arquivos mentais, a muito que eles andavam em tamanha desordem que se confundiam entre si muito facilmente, eu nem sabia mais quais eram os mais e menos importantes, estavam todos aleatórios.
Quando alcancei minha pequena e aquecida sala, sentei naquele sofá que parecia ter o formato do meu corpo foi que me dei conta de quantos arquivos esquecidos haviam, antigos e alguns até bem recentes. O vento frio daquela noite organizou todos eles, e agora eu tinha uma visão panorâmica de tudo e podia puxar aqueles que eu desejava rever. Eu ri muito de alguns, afinal, eu nem sabia porque os tinha guardados, mas de alguma forma eles se faziam importante no todo. Uns eram tristes e nem valiam apena ser lidos. Outros ainda, eram neutros, guardado apenas pra seguir procedimentos burocráticos de minha própria e estranha mente.
Ao som do farfalhar das folhas do jardim eu fazia planos de nunca mais deixar-los desorganizados, e isso gerava um novo arquivo. Eu sabia que era impossível, a movimentação dos meus dias jamais deixaram eles para sempre organizados, a demanda de arquivos salvos diariamente era muito grande pra manter a organização ... "


Hellen Priscila

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

trechos

"...E lá estava eu: pequenina, perdida, invisível. Apesar de gostar do esquecimento, do silêncio, de permanecer quieta e observadora, dessa vez eu não queria isso. Queria ser notada ao menos uma vez, queria um auxílio, algo que me tirasse dessa inércia ensandecida. Era muito difícil saber que tudo começou com aquela - aparentemente mínima - decisão, e chegar à conclusão de que algumas escolhas são irrevogáveis. Nunca fui boa com escolhas, sempre preferi optar pela conciliação, mas dessa vez eu fiz o que tinha de ser feito. Escolhi. Deixei algo para trás. Não me arrependo, mas também não vou mentir que foi totalmente bom; talvez, naquele momento, tenha sido o melhor pra mim, talvez seja o melhor pra mim. Mas não quero pensar nisso agora... Há tantas coisas inacabadas em minha mente que mesmo que tirasse 1 dia para me dedicar de forma integral não solucionaria 1/5. Não saberia nem por onde começar. São feixes independentes que vêm com uma velocidade absurda e se vão, assim como eu fiz, como sou. É isso: sou um feixe independente a 300.000 km/s. Embora odeie ser assim, no momento é o que mais se adapta ao que sinto; não se pode se gostar sempre. Tem coisas que fazemos e não acreditamos ser de nossa autoria e pedimos veemente para esquecer. Então eu ajoelho e peço..."

"...Com o passardo tempo pude ver que ao deixá-lo foi como se tivesse perdido um pedaço de mim. Não uma grande parte, mas uma significativa, daquelas que você não sente falta no começo, mas depois passam a ser sentidas como um órgão não vestigial. Pela primeira vez eu havia me sentido importante, visível, e só agora pude ver que não queria ter perdido isso. Justo agora, tão pouco, tão rápido... Andava pensando muito em como era na juventude: naquela época adorava todo o risco, o brilho, a adrenalina. Os anos passaram-se e a idade trouxe consigo a desaceleração do ritmo, e com isso a invisibilidade. E permaneço assim, tirando um pequeno período em que fui notada e amada. Agora ando triste, querendo retomar tudo. Que estranho esse negócio de arrependimento, como se fosse uma mãe entregando um filho: não aceita algo de sua própria autoria..."

sábado, 3 de outubro de 2009

feijões e flores


Então, eu e a Hellen resolvemos fazer um blog bobo, com um nome bobo, para duas garotas bobas. Eu nem queria começar com uma apresentação, mas tem 323820382038 dias que esse blog tá pronto e a gente não acha um tema pra iniciar, apesar de já termos postado várias vezes nos nossos respectivos blogs. Enfim, vim cortar a fita vermelha.


E pra começar, nada melhor que um tema que rege a vida de todos: o amor. Mas não vou falar sobre relacionamentos, aliás, sobre relacionamentos sim, mas não sobre casais, sobre o amor na amizade, e sim sobre a necessidade de ter o amor bruto, sem variáveis, sem lapidações. E de transmiti-lo. Como eu moro longe da minha família e de 80% ( adoro dizer 80% ) dos meus amigos, resolvi comprar uma plantinha porque: a) me sentia só de certa forma, b) porque tenho a necessidade de ter algo ou alguém pra cuidar, c) porque não posso ter um cachorro agora. Tá, e aí as pessoas perguntam como uma plantinha pode preencher esse vazio, e eu respondo: não preenche. Não preenche proque as pessoas não são substituíveis ( porque são únicas, e não tem como substituir algo por completo se só existe uma unidade daquilo ), e a saudade e o amor que eu sinto por cada um, também. Mas ajuda. Só que já tem quase 3 meses que eu a tenho - ela tá cada dia maior e mais bonita, e olha que eu achava que não ia durar uma semana-, e no começo era aquela euforia, eu molhava todo dia, botava pra pegar sol, tirava quando ele estava forte, como se a natureza precisasse de alguém ( haha ) mas eu me sentia bem fazendo isso. A questão é que depois de um tempo eu comecei a esquecer de regar, e tinha dias que eu nem notava que ela tava lá. E por um segundo eu cheguei a pensar que não me importava com ela como achava que me importava, mas notei que a vida é assim mesmo: o novo é cativante, é hipnotizante, é sedutor. Você gasta mais tempo com aquilo do que supunha, mas aí vai se acostumando com a presença, vai vendo que vai estar sempre ali, a 15 passos de você e pronto: cai no esquecimento. Não no esquecimento completo, mas vai pra parte periférica da sua atenção. Não é que você não goste mais como antes, aliás, você até chega a pensar que não gosta, que há muito mais a descobrir, o terrível erro de pensar que tudo que já foi conquistado permanece pra sempre; o terrível pensamento humano de acreditar no eterno. Não sou incrédula, eu gosto de me deixar levar no 'pra sempre" mas existem "pra sempres e pra sempres". Alguns casos permitem essas palavrinhas, outros não, e relacionamentos, definitivamente, não comportam o pra sempre ao acaso, sem esforço, sem dedicação.


E sobre minha florzinha, bom, passei a dar mais valor; antes eu só via uma flor, agora eu enxergo muitas falhas que cometo pelo simples fato de não enxergar.


"A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra: O que ? Você também ? Pensei que eu era o único." ao meu bebê ln, PRA SEMPRE.